domingo, 8 de julho de 2012

A Escola Pública para os centros urbanos


Os primeiros grupos escolares apareceram depois da proclamação da república como escolas públicas seriadas. Até então, o povo freqüentava uma escola com uma professora leiga para ensinar os que eram excluídos do interesse do governo imperial.
Estes grupos foram criados inicialmente no Estado de São Paulo no final do século XIX e foram responsáveis por um novo modelo de organização escolar com características de escola graduada, possibilitando a educação popular no Brasil na zona urbana.
Surgiu então o ensino primário com quatro anos de escolaridade, com um programa que previa uma educação integral visando a formação do físico, do intelecto e da moral, utilizando o método intuitivo com recursos didáticos, laboratórios e museus. A disciplina era rígida, exigindo assiduidade, asseio, ordem, obediência, pontualidade, amor ao trabalho, honestidade, respeito às autoridades, que levassem à formação do caráter dos alunos. Foi elaborado um calendário escolar, com avaliação dos conteúdos previstos para cada série, datas cívicas e festas de encerramento do ano letivo.
A implantação dos grupos escolares mudou a história do ensino público primário no Brasil. Apresentava um ensino seriado onde os alunos eram distribuídos homogeneamente, separados os meninos das meninas, sob a orientação de um professor, com um diretor escolar, com uma proposta de nova estrutura arquitetônica construída especificamente para este fim.  
Era um projeto cultural que ia muito além da simples transmissão do conhecimento e implicava na formação de valores morais e cívicos para o desenvolvimento do espírito de nacionalidade, valorizando os ideais republicanos.
A ideia difundiu-se pelos demais estados da federação e, em 1911, os primeiros grupos escolares foram implantados em Santa Catarina. Uma das cidades contempladas com a construção do modelo instituído para funcionamento destes grupos escolares foi a cidade de Itajaí. Foi assim que, em 1913 inaugurava-se o Grupo escolar Victor Meirelles, na principal rua da cidade.
 O prédio era constituído de salas de aula, gabinete do diretor, sala de música com um piano, sala de laboratório e museu, pátios com galpão e sanitários separados para meninos e meninas, cozinha. Na fachada do prédio era inscrito “Secção Masculina” e “Secção Feminina”.
Para assumir as atividades de professor neste tipo de escola era preciso ter o Curso Normal, que em Santa Catarina, ficava na capital do Estado, no Instituto de Educação. 
Foram então nomeadas as primeiras professoras normalistas do grupo escolar, filhas de famílias de Itajaí que estudaram em Florianópolis naquela segunda década do século XX.
Além do currículo escolar foram criadas as Associações Escolares para desenvolver o espírito cívico e determinadas atividades para criar hábitos de comportamento e de higiene corporal.
Além da disciplina de educação física, foi criado o Pelotão de Saúde que estimulava os cuidados com o corpo e com a saúde. O asseio corporal era constantemente avaliado por um grupo de alunos orientado pela professora. Cada sala de aula possuía uma caixa de primeiros socorros.
Outras associações desenvolviam a sociabilidade e o conhecimento da língua portuguesa, das ciências e da criatividade artística. O Círculo de Pais e Mestres e a Caixa Escolar visavam o espírito comunitário, o intercâmbio entre pais e professore, e o auxílio aos alunos carentes ; o Museu Escolar e o laboratório estimulavam o conhecimento científico; o Orfeão Escolar estimulava o gosto pela arte e pela música e canto; o Jornal Escolar, o Clube de Leitura, a Liga pró-Língua Nacional desenvolvia o espírito cívico e o gosto pela linguagem oral e escrita.
Hoje, ao relembrar estes momentos da vida escolar, fico avaliando o que a escola da metade século passado realizava para desenvolver nos alunos tantos comportamentos valiosos para formar o cidadão.

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