domingo, 6 de maio de 2012

Sempre é bom recordar

Bem dizia minha avó, que a felicidade se encontra nas pequenas coisas. E uma delas é ficar botando conversa fora, em volta da mesa, após as refeições, quando toda a família está reunida. Conversa-se de tudo. Mas, naquele domingo, a assunto que rolou foram
 as coisas do passado. Os filhos falavam e os netos riam, ouvindo o que cada um tinha para contar, às vezes um atropelando o outro para acrescentar algum detalhe. Não sei como começou, mas a conversa girava em torno dos programas de televisão e das propagandas.
-    Aí, começou aquele seriado, “A Caldeira do Diabo”...
-    Ah, mas a primeira novela foi “A Ponte dos Suspiros”.
-    Mas eu me lembro que meu pai não deixava a gente ver e quando anunciava -“A Caldeira do Diabo!”-, ele nos mandava para a cama. Era na TV Tupy.
-    O artista é que era lindo, né?
-    E a Ponte dos Suspiros era com aquela.... Yoná Magalhães, era a mocinha. Linda!
-    Era ela com o Carlos Alberto, hoje ela deve estar com sessenta e poucos anos!
-    Depois vinha a propaganda: “Tá na hora de dormir, não espere mamãe mandar, um bom sono pra você e um alegre despertar!”
Todos cantavam juntos e terminavam gargalhando.
-    Agora a das Pernambucanas, vai!
Outra vez o coro: “-Quem bate! -É o frio! –Não adianta bater, eu não deixo você entrar! As Casas Pernambucanas é que vão aquecer o meu lar. Vou comprar flanelas, lãs e cobertores, eu vou comprar, nas Casas Pernambucanas e nem vou sentir o inverno passar!” Palmas e risos.
-    Ah, meu Deus, que coisa boa! E do Albertinho Lemonta, como era?
-    O Direito de Nascer! Ih! Era uma choradeira....
-    Depois tinha uma novela que não acabava nunca mais. Como era? Com a Rosa Maria ...
-    Tinha o Beto Rockffeler!
-    Não, antes! Essa foi no tempo da morte do Getúlio! Em 1954, no dia 24 de agosto!
-    Parece que eu estou escutando aquela música do noticiário! Ta-rararam, tarararam...
-    Era a música do Repórter Esso!
-    Eu me lembro como se fosse hoje, eu não sou tão velha assim, mas era essa a música!
-    E naquele tempo em que se usava a brilhantina “Glostora”!
-    Não, não, eu não cheguei a usar, mas me lembro.
-    Também existia o sabonete Dorly!
Mais risadas.
- Eu me lembro do Palmolive, do Gessy...
-    O bom era o Carnaval. (sabonete). E o sabão em pó Rinso!
-    É mesmo! Eu me lembro que minha mãe comprou uma máquina de lavar roupas e veio dentro uma porção de caixas, como brinde.
-    Havia também um sabão em flocos.
-    Era o Lux! É, eu me lembro de ter comprado uma máquina que só batia, não enxaguava. Era a “Prima”. Mas era importante, essa máquina. Era tecnologia moderna!
-    Lembram da geração antes e depois do Piaget ?
Todos começaram a rir. Ia começar outra história. E cada um queria contar como era antes da mãe conhecer a psicologia de Piaget, quando aplicava castigos severos. Depois, tudo ficou mais leve, os castigos foram abolidos e as faltas eram corrigidas com uma boa conversa.
Ficamos entretidos nesse bate-papo por um logo tempo.
Pois é, precisamos de tão pouco para sermos felizes.

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