domingo, 16 de setembro de 2012

A burocracia do Grupo Escolar Victor Meirelles

Quando o professor ingressava no magistério vinha com os conhecimentos teóricos do curso normal, mas precisava se familiarizar com a burocracia da escola. Sabia pouco sobre legislação, documentos e registros da escola.
O primeiro contato com a burocracia era o livro do ponto, documento onde cada professor registrava o nome, horário de chegada e saída da escola. Em seguida, vestia o Guarda pó branco e esperava o sino tocar para se encontrar com os alunos, que faziam fila no pátio antes de entrar na sala de aula. Acomodados na classe, meninos de um lado e meninas no outro, a professora fazia a chamada, registrando a presença ou a falta do aluno no “livro de chamada”, outro documento da burocracia escolar.
Cada professor apresentava diariamente seu plano de aula num caderno chamado Caderno de Tarefas. Seu Lúcio, o servente da escola, recolhia os cadernos dos professores e os levava para a diretora passar o “visto”, entregando-os em seguida a cada professora. Cabia às professoras manter em dia o Livro de Chamada, a Ficha de Leitura, preencher o Boletim escolar todo o mês, registrar os resultados dos exames finais no livro de Atas de Exames.

Na Ficha de Leitura, que não existe mais, o professor mantinha registrada, as três fases da leitura: oral, silenciosa e interpretação do texto. Havia alguns critérios de avaliação para cada fase: leitura silenciosa sem movimentar os lábios e sem seguir o texto com auxílio do dedo; leitura oral expressiva, tom de voz, boa dicção, pontuação correta, posição correta para segurar o livro, e, finalmente, a interpretação do conteúdo. Além das aulas de linguagem oral e escrita, a leitura se tornou indispensável no currículo dos primeiros grupos escolares catarinenses.
No livro de Atas de Exames Finais, que também não existe mais, era registrado o resultado do aproveitamento anual dos alunos, onde apareciam os aprovados com nota em tinta azul e os reprovados com tinta vermelha. Estas atas eram assinadas pelo professor e pelo diretor da Escola. Este livro era o pesadelo dos professores, pois não podia haver rasuras, era preciso muita atenção e cuidado para não registrar nota errada.
Os alunos também deveriam seguir sua rotina, se apresentando uniformizados, com material escolar necessário para o dia e tarefa de casa realizada. O material escolar necessário para o aprendizado era: livro de leitura, caderno de linguagem, de caligrafia, de desenho e de aritmética, lápis, borracha, caneta, mata borrão, régua, e a tabuada.  
O diretor da escola era responsável pela manutenção dos documentos em dia, em lugar adequado e organizado no gabinete da direção. Além do Livro do Ponto, havia o Livro de Matrícula, de Exames Finais, de Atas da Reuniões Pedagógicas, de Atas e Relatórios das Associações Escolares, Livro de Honra, Livro Negro, de Relatório Anual, documento de Quitação Escolar, dentre outros.
A Quitação Escolar era um documento exigido para comprovar a matrícula do aluno, que foi extinto há muitos anos. No livro Negro era registrado o nome dos alunos indisciplinados, indicando a existência de um sistema de punição moral e que ficou na memória dos alunos. E para registrar o nome dos alunos que se destacavam pela aplicação nos estudos e comportamento havia o livro de Honra, como sistema de premiação escolar.   

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